METODOLOGIA EDUCATIVA
COM GOSTINHO DE ABACATE
ANTONIO DEVANIR LEITE (*)
Foi tomando como exemplo esta máxima: "O jornalista faz a história, história feita de fatos" que encontrei o viés para contar uma história digna de ser difundida pelo Brasil afora.
O neto João Victor, que nos acompanhava em passeio recente à Estância Turística de São Pedro, ao ver um pé de abacates carregado, disse-me: "Vô, posso levar alguns para dar à minha professora? Eu disse a ela que aqui tinha bastante."
De volta a Santo André, bati à porta da sala de aula da professora Maria Helena (foto ao lado do João Victor), de sacola em punho, e quando lhe entreguei os abacates, ela explicou o motivo do pedido: "- Sim, pedi mesmo. Acontece que nossa classe está empenhada em trabalhos sobre a Natureza, o Meio Ambiente e Plantas Frutíferas. Aqui na escola temos um pé de abacate que eu mesma plante. Já está produzindo, mas por enquanto só vingaram dói. Estes que o sr. acaba de nos trazer serão suficientes para que todos da classe possam saborear." - completou a professora.
Diante do excelente trabalho (educação pelo exemplo) que vem sendo realizado pelas professoras da EMEIEF "Prof. Eufly Gomes" - Rua Araguaia, 260 - Vila Curuçá em Santo André, SP, revirei o baú em busca de algo que pudesse nos dar a real medida da evolução do conhecimento enquanto ostentada por construções gigantescas e majestosas como este exemplo de se plantar uma árvore frutífera no pátio da escola e os alunos já podendo colher seus frutos, como testemunhas oculares do fato. Os pequeninos jamais irão esquecer do exemplo que em se plantando tudo dá, fruto do magnífico trabalho da professora. Conforme veremos a seguir, não só as professoras da escola do meu neto, mas também aquelas que permanecem ensinando em milhares de escolas públicas por este Brasil de meu Deus, continuam semeando em solo fértil, plantando o saber, o respeito, a determinação e o conhecimento na cabecinha de seus alunos.
Ao longo dos anos, dentre os alunos que ali tiveram a oportunidade de dar os primeiros passos na senda do saber, tendo uma visão mais lúcida da vida, dois de meus quatro filhos e dois netos estudaram, e um ainda estuda, na EMEIEF "Prof. Eufly Gomes". Um deles, atualmente com dezessete anos, está cursando o colegial em outra unidade de ensino, e o aluno da professora Maria Elena é o João Victor. Meu filho caçula, com 30 anos, é coordenador do setor de Segurança, Meio Ambiente e Saúde numa empresa de engenharia de Mogi das Cruzes, SP, prestadora de serviços na área de recomposição de dutos, e minha filha, Administradora de Empresas, graduada pela USCS - Universidade Municipal de São Caetano do Sul, que até então atuava na Comunicação Social na mesma empresa em Mogi das Cruzes, acaba de ser requisitada para colaborar em uma conceituada empresa de Santo André do ramo de ferro e aços. Meus quatro filhos sempre estudaram em escola pública. Uma é auxiliar administrativa numa empresa de móveis para escritório na capital paulista. O primogênito, Devanir Júnior, é jornalista, acadêmico de Direito pela UNIABC e empresário do ramo do vestuário feminino em Indaiatuba, interior de SP. Nos idos de 1967, fez a pré-escola na escolinha da Rhodia, concluindo o ensino fundamental no SESI em Santo André. Ao longo dos anos, pude observar o quanto melhorou a qualidade do ensino por aqui. Duas vezes por semana estamos encarregados de pegar o João Victor na saída da aula e a netinha Júlia, na creche do bairro Vila Curuçá, distante poucas quadras dali. Sempre pergunto a ambos se estão com fome e a resposta é não. Pergunto se a merenda estava boa e a resposta é hummmmm! Na escola do João Victor, sempre a postos está o porteiro, sr. Edmundo Ferreira dos Santos (foto), esbanjando as mesmas gentilezas de quando pegávamos os filhos ali, ostentando respeitáveis cãs que a bruma do tempo se encarrega de colocar em nossas cabeças. O prédio passa por reformas, mas dá para ver que está ficando muito bom. A unidade é dotada de piscina e quadra de esportes onde a garotada se exercita e se diverte a valer. Nota mil para a atual administração que está olhando com bons olhos e garantindo não só a qualidade do ensino, mas também proporcionando aos alunos e educadores um ambiente digno. Eis aí uma amostra de que é possível gerir os destinos de uma cidade com visão de futuro mantendo firmes os pés no presente.
PONTO E CONTRAPONTO
Busquei inspiração no cancioneiro popular onde o prisioneiro amarga anos na cadeia por ter cometido um delito, na composição de José Fortuna e Paraíso, intitulada MEU IPÊ FLORIDO, que numa das estrofes passa a seguinte mensagem: "Meu ipê florido junto a minha cela / Hoje tem altura de minha janela / Só uma diferença há entre nós agora / Aqui dentro é noite não tem mais aurora / Quanta claridade tem você lá for. Do magnífico trabalho dessa professora, há seis anos (tempo aproximado para que o abacateiro produza frutos) espalhando a mensagem exatamente como escreveu Pero Vaz de Caminha, em 1500, ao Rei de Portugal, contando sobre o que havia encontrado em nossas terras. O escrito original era: "A terra em si é de muito bons ares frescos e temperados (...) Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo (...)." Na mensagem da professora, a mensagem é outra e o resultado totalmente diferente, preparando os alunos para tornarem-se cidadãos aptos e bem distantes dos desajustes sociais.
O PAPEL DO MESTRE
E A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO
Conta-se que Licurgo, célebre orador ateniense, fora, certa ocasião, convidado para falar sobre a Educação. Aceitou o convite, sob a condição de lhe concederem três meses de prazo. Findo esse tempo, apresentou-se perante numerosa e seleta assembléia, que aguardava ávida de curiosidade a palavra do consagrado tribuno.
Licurgo compareceu, então, trazendo consigo dois cães e duas lebres. Soltou o primeiro mastim (cão de guarda), e uma das lebres. A cena foi chocante e bárbara. O cão avança furioso sobre a lebre e a despedaça. Soltou, em seguida, o segundo cachorro e a outra lebre. Aquele pôs-se a brincar com esta amistosamente. Ambos os animais corriam de um para outro lado, encontrando-se aqui e acolá para se afagarem mutuamente.
Ergue-se, então, Licurgo na tribuna e conclui, dirigindo-se ao seleto auditório: "Eis aí o que é a educação. O primeiro cão é da mesma raça e idade que o segundo. Foi tratado e alimentado em idênticas condições. A diferença entre eles, é que um foi educado, e o outro não."
PARTICIPAÇÃO DOS PAIS É FUNDAMENTAL
Ao mesmo tempo em que os seres humanos têm como característica viver em grupos, individualmente disputa posição social, fama, poder e riqueza. É fácil perceber que num grupo sempre haverá líderes e liderados, e que, fatalmente, se as necessidades de disputa não forem canalizadas de alguma forma, os liderados acabam desafiando a liderança. Os pais devem manter essa liderança, esforçando-se para ensinar aos filhos preceitos de boa conduta, educando-os para a vida. Observemos o quão importante é a educação.
É importante saber que tem criança que gosta de roupa larga, futebol, queimada, andar de bicicleta, pega-pega e esconde-esconde. Cabe aos pais levá-las regularmente a um clube, piscina ou à praia. Participar com elas. Acreditem, estará prestando um grande favor à saúde dos filhos e, de quebra, para a sua também, pois certamente estará comemorando o sucesso de seus filhos quando atingirem a vida adulta.
Para finalizar, o Brasil tem jeito? Respondo: Além de jeito, nosso país conta com educadores empenhados em transmitir o saber até com gostinho de abacate...
Meus parabéns à professora Maria Helena e demais professoras ali lotadas e muito empenhadas. Não somente eu, como pai e avô, mas toda a nação brasileira deveria estender-lhes esta homenagem.
PEDRAS E PALAVRAS
Victor Hugo registrou na novela Nossa Senhora de Paris, de 1831, o hipotético impacto da introdução do novo engenho de João Gutenberg, a máquina para imprimir livros, entre a gente letrada da época. Até o século XV, dizia ele, num mundo de analfabetos, a humanidade comunicava-se com pedras, empilhando-as e arrumando-as das mais variadas formas para expressar a fé (as igrejas), o poder (os castelos), o luxo (os palácios), a propriedade (o muro), a punição (o cárcere), a pobreza (os casebres), e a morte (as lápides). Com Gutenberg, tudo aquilo deixava de ter sentido. O livro impresso seria a pedra dos tempos futuros, o construtor dos templos do devir, ou seja, após a chegada do livro não mais seria possível uma representação de poder tão grande quanto aquele fruto do conhecimento acumulado, eis o que Victor Hugo quis dizer: TEMPLOS DO SABER.
O SUSTO DOS MESTRES
Em Oxford, na Inglaterra, mais ou menos pela mesma época, um pouco depois da metade do século XV, a reação de estupor, esta real, não foi diferente. Dizem que na primeira reunião da congregação docente feita naquela casa do saber, em seguida à chegada da notícia do extraordinário acontecimento que se dera em Mainz (a invenção dos tipos móveis e da máquina de imprimir livros), a desolação fora geral. Os professores ingleses, desconsolados, acreditaram que, com a vinda dos livros impressos, eles não teriam mais função. No futuro, pensaram eles, qualquer um poderia adquirir um livro e aprenderiam tudo por si mesmos.
Fonte: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/gutemberg2.htm
PUXANDO A BRASA PARA MINHA SARDINHA
Valeu a pena minha dedicação ao jornal Diário do Grande ABC que, há 50 anos, continua trazendo aos seus leitores o que vai pela região, pelo Brasil e pelo mundo. Como diz o ditado: “Quem lê sabe mais”, cultivar o hábito da leitura deste jornal é prática constante daqueles que já se destacam em todas as áreas.
FUJA DO MICO! LEIA MAIS
Conta Max Gehringer (administrador de empresas e escritor, autor de diversos livros sobre carreiras e gestão empresarial) que, fazendo parte de um grupo de treinadores, e diante de uns 200 funcionários, o professor saiu com essa: "Jesus era peripatético". Requisitado pela secretária para atender um caso de urgência, o mestre saiu da sala, deixando a todos boquiabertos. Um disse que aquilo era uma afronta à religiosidade, outro que não seria uma boa o mestre estar misturando religião com treinamentos, outro achou ofensivo mesmo, acrescentando que estava chocado, no que foi amparado por um silêncio sepulcral até que o mestre retorna e diz: "Peripatético quer dizer 'o que ensina caminhando'. "E nós ali, encolhidos de vergonha". - completou Max Gehringer. Essa história mostra, de forma inequívoca, o quanto cultivar o hábito da leitura de jornais e revistas aprimora, dia a dia, nossa cultura geral.
Em 2008, ouvi na Rádio CBN um entrevistado de Heródoto Barbeiro relatar um caso de seleção de pessoal. Com a sala repleta de candidatos à vaga, na primeira triagem, a selecionadora entra na sala e diz: "Quem já leu os jornais de hoje? Os que não leram, estão dispensados da continuidade do processo por não se enquadrarem no perfil exigido. Os demais continuam."
O CONDE FRANCISCO MATARAZZO
MANDAVA LER OS JORNAIS PARA ELE